A milionária arte do vidro

Num dos salões da icônica Torre Eiffel, ocorreu uma das primeiras vendas de arte via satélite (Foto: Reprodução)

# Paris na virada do século 19 para o 20 foi o centro mais importante de vendas de arte no mundo. Lá, assisti, na década de 1980, um dos mais importantes e inéditos, até então: leilões de obras em vidro dos períodos art noveau e art deco, organizado pelo escritório Ader Picard Tajan, iniciando uma nova forma de arrematar via satélite. Foi num sábado, dia 1º de junho de 1985, na sala Gustavo Eiffel, da Torre Eiffel. O pregão se realizou concomitantemente no salão Kasuga, do Hotel Okura em Tóquio.

Catálogo do leilão realizado em Paris e Tóquio (Foto: Arquivo Pessoal)

Os convites para o leilão se esgotaram semanas antes da realização (Foto: Arquivo Pessoal)

A sala Gustave Eiffel: local de importantes eventos em Paris (Foto: Reprodução)

O Hotel Okura de Tóquio (Foto: Reprodução)

O anfiteatro onde são realizados os leilões e demais apresentações no poderoso hotel da capital do Japão (Foto: Reprodução)

# As obras em destaque foram as originárias do atelier do artista Émile Gallé, de Nancy, além de obras do estúdio Daum, da mesma cidade francesa. A capa do catálogo estampava uma luminária decorada com glicínias, flor de preferência dos orientais que a consideram de boa sorte. Esperava-se que tivesse recebido o maior lance da tarde. A venda se iniciou às 12 horas e 30minutos de Paris, correspondendo a 19 horas e 30 minutos em Tóquio, mas alcançou a cifra de US$ 55 mil, a segunda maior da venda. Por sua vez, o lote número 77, um vaso, de 50 centímetros, criado na forma de um bambu com quatro lóbulos, em vidro de delicado colorido e com flores de Iris aplicadas sobre a superfície, como vocês podem conferir, alcançou o maior peço da venda US$ 103 mil. O vaso foi assinado por Gallé em caracteres japoneses.

A luminária de Gallé com influência oriental alcançou o preço de US$ 7.500 dólares (Foto: Arquivo Pessoal)

# As obras de Gallé registram fases de grandes preços. Naquela ocasião estavam em alta cotação, como se repetiu mais recentemente. Igualmente, os milionários japoneses investiam grandes somas em arte ocidental, aplicando seus lucros no exterior.

Émile Gallé criou este vaso soufflé-moulé com tomates em destaque (Foto: Arquivo Pessoal)

# Pouco depois, juntamente com Elias da Rosa e o Escritório Alto da Bronze, realizei o primeiro leilão de tapetes persas nos salões do Plaza São Rafael, em Porto Alegre. Foi o início da fase dos leilões pela televisão no Brasil.

A luminária decorada com glicínias assinalou um dos momentos de emoção na venda. Foi a peça escolhida para a capa do catálogo (Foto: Arquivo Pessoal)

Este excepcional vaso com colorido e aplicação de flores em relevo foi a peça mais disputada do leilão (Foto: Arquivo Pessoal)