Arte: trajetória fascinante
Cena do cotidiano na Rússia, tela apresentada por Solomon Smolianoff na exposição em Porto Alegre (Foto: Divulgação)
# Telas assinadas pelo pintor judeu Salomon Smolianoff fazem retornar à história rocambolesca deste talentoso artista nascido em Kremenchuck, na Rússia, e morto em Porto Alegre em 1970. Sally, como era conhecido, desde muito cedo demonstrou talento na pintura que estudou na cidade de Odessa, de onde fugiu na Revolução Russa. Sua família se opunha ao comando vermelho e o pintor iniciou uma trajetória por diversos países, instalando-se finalmente na Alemanha.
A técnica apurada do pintor foi reconhecida desde seus primeiros tempos na Europa (Foto: Divulgação)
# Foi detido no mesmo ano do início da 2ª Guerra Mundial pelo futuro oficial nazista Bernhard Krüger, que o recrutou para uma das mais incríveis ações, a Operação Bernhard, considerada como o maior programa de falsificação de dinheiro da história. Bernhard montou uma grande equipe, de que Sally fazia parte, nos campos de concentração para criarem notas, passaportes falsos e outros documentos usados pelos nazistas para atacar o poder da Inglaterra e outros países. Foram produzidos aproximadamente 132 milhões de libras em notas falsas, o equivalente a quatro vezes as reservas cambiais do Reino Unido na época. Foram igualmente falsificados dólares, em pouca quantidade devido às táticas dos prisioneiros para retardar a impressão.
# Foi libertado pelo exército americano em maio de 1945 e as aventuras de falsificação de dinheiro resultaram no filme Os Falsários (Die Fälscher, Alemanha 2007) baseado nas memórias de Adolf Burger, que participou da operação juntamente com Sally. No filme, que conquistou o Oscar como melhor produção estrangeira em 2008, Smolianoff foi interpretado por Karl Markovics.
Desenho retratando Carl Ludvig Palm, datado de 1931 (Foto: Reprodução)
# Graças a ligações familiares, emigrou para o Uruguai, onde teve sucesso como pintor, retratando personagens conhecidos e criando paisagens e cenas cotidianas da Rússia pré-revolucionáriam seguindo a tradição do Impressionismo. Deixou Montevidéu e veio morar no Brasil. A escolha foi Porto Alegre, cidade em que vivia Ernst Rudy Schönfeld, parente de sua mulher, Loly. Além de pintar, dedicou-se a fabricar brinquedos, iniciativa similar a do pintor Joaquín Torres Garcia nos Estados Unidos. Sua última exposição foi na Galeria Pancetti, em Porto Alegre.
Paisagem bucólica do interior da Rússia (Foto: Reprodução)
Outra referência ao seu país de origem (Foto: Reprodução)
# Suas telas e desenhos figuraram em leilões europeus desde seus primeiros tempos e atualmente aparecem em sites europeus de venda de arte.
Solomon em sua última exposição, na Galeria Pancetti, em agosto de 1970 (Foto: Reprodução)