Whatsapp

Notícias

Bons relatos sobre Maria

Matéria atualizada dia 13/05/2020. às 8h53.
Cumplicidade amorosa: Maria Coussirat Camargo e Iberê Camargo (Foto:Divulgação)
Os encontros visuais têm completo sucesso através da lives. Paula Ramos e Denise Mattar, curadora da próxima mostra inspirada na obra de Iberê Camargo “Fio de Ariadne”, conversaram na manhã do último sábado (dia 9), na Fundação Iberê Camargo. Abordaram a atuação de Maria Coussirat Camargo, com relatos que tiveram o entusiasmo do grupo que acompanhou a conversa.
Paula Ramos, conhecedora dos assuntos relacionados ao mundo das artes (Foto: Pedro AntônioHeinrich/Banco de imagens)
Apresento o depoimento de Paula Ramos, doutora em Artes Visuais e destaque como empreendedora nas realizações culturais, que teve pleno êxito em sua primeira participação numa live.
“Quando eu recebi o convite do Gustavo Possamai, da Fundação Iberê Camargo, para participar dessa atividade, fiquei com receio, pois eu nunca tinha feito algo semelhante. Por outro lado, também senti uma responsabilidade muito grande, pois falaria sobre uma pessoa por quem sempre tive imensa admiração: Maria Coussirat Camargo. E acho que, ao final, deu tudo certo.”
“Aproveito para contar uma pequena história: eu tive o meu primeiro contato com Maria em agosto de 1999, quando fiz uma entrevista com ela, que subsidiaria, por sua vez, uma série de textos publicados ao longo de 12 edições da revista Aplauso. Os textos acompanhavam obras selecionadas pelo crítico Lorenzo Mammi e tinham o objetivo de divulgar, para o grande público, a trajetória e a obra de Iberê Camargo. E então, naquele já distante 1999, eu me dirigi à casa da Maria e do Iberê, na rua Alcebíades Antônio dos Santos, bairro Nonoai. Maria me recebeu com a gentileza que lhe era característica e me concedeu uma emocionante entrevista, que me deixou profundamente tocada. Quando eu estava saindo de lá, ela disse algo mais ou menos assim: "Aos sábados e aos domingos, alguns amigos vêm aqui; se quiseres aparecer, és bem vinda". “Não pensei duas vezes e comecei a frequentar a casa. Ia, majoritariamente, aos sábados e lá encontrava Miriam e Deny Bonorino, João Alberto Schenkel, Lia Raffainer, às vezes Eduardo Haesbaert. Eram tardes agradabilíssimas, regadas também pela companhia da gata Luna e das fiéis escudeiras da Maria: a Dona Amália Fraga, Helena Lunardi e Rita do Vale Pinheiro. Foram tempos bonitos, Paulo, bem bonitos... E Maria, tão pequena e delicada, era, ao mesmo tempo, um "Everest". Uma mulher admirável, cuja companhia eu tive a honra de privar”.
A programação da Fundação Iberê Camargo registrou grande número de acessos, estimulando grande número de acessos para novas realizações. A história de Maria e Iberê é um belo capítulo em que arte e um amor de grande dedicação são temas atraentes. Convivi com o casal e acompanhei uma relação de grande cumplicidade.
Denise Mattar, curadora da próxima exposição “O Fio de Ariadne” (Foto: Reprodução)
Denise Mattar, com quem tive meu primeiro encontro num leilão realizado pela Petit Galerie, dirigida por Max Perlingeiro, no Cotillon Club, onde ocupei o cargo de diretor executivo, já evidenciava qualidades profissionais e uma presença charmosa junto com o leiloeiro Ernani Horácio, do clã carioca de várias gerações dedicadas à venda de arte. Breve, Denise, juntamente com Gustavo Possamai, apresentará a exposição “O Fio de Ariadne”, mostrando a parceria de Iberê com as ceramistas Luiza Prado e Marianita Linck. Deram acompanhamento técnico a Iberê na realização, nos anos 1960, de um conjunto de pinturas em porcelana, com resultados surpreendentes. Na década seguinte, selecionou um conjunto de cartões, que foram transformados por Maria Angela Magalhães em impactantes tapeçarias.
Retrato de Onira Terra desenhado por Iberê durante um encontro de amigos no ateliê do artista (Foto: Alexandre Heckler/especial)
Iberê me fez surpresa com retratos: este é um deles, criado durante um bate-papo em sua casa (Foto: Alexandre Heckler/especial)
Um dos carretéis de Iberê, enviado para o meu escritório (Foto: Alexandre Heckler/especial)
Solicitei um desenho para a coluna de final de ano do jornal Zero Hora e Iberê, preocupado com a falta de orientação com relação ao excesso de natalidade, enviou-me esta ilustração datada de 1993 (Foto: Alexandre Heckler/especial)
Meu relacionamento com Iberê era divertido. Volta e meia, enviava-me um pequeno desenho com um de seus carretéis. Igualmente, criou ilustrações para minhas colunas na Zero Hora. Uma tarde me chamou, pois queria conversar comigo. Na realidade, foi para fazer dois retratos meus. Ele e eu éramos amigos de Onira Terra, que igualmente foi um das colecionadoras da obra dele. Em um dos encontros, no atelier do pintor, ele fez diversos retratos dela e ganhei outro presente.