Café Society: charme e alegria

Capa do livro “Café Society” (Foto: Reprodução)
# Uma casta com personagens variados movimentou a vida social no século 20, iniciando na Europa e repercutindo no Brasil, inclusive. Thierry Coudert escreveu o livro Café Society, editado pela Flammarion em 2010, explicando a designação e indicando alguns dos mais expressivos nomes do grupo que, mudando algumas regras, soube viver com charme e alegria.
As colagens refletiam uma das preferências da época. Nesta, Wallys e o Duque de Windsor junto com uma amiga estão no jardim do chateau de La Crüe, onde passavam uma temporada (Foto: Reprodução)
# As personagens do café society tanto podiam pertencer à nobreza como à aristocracia, mas desejavam viver intensamente ao ritmo das festas, eventos culturais e da moda. Preferiam menos formalismo e demonstrar criatividade. Wallys Simpson e o Duque de Windsor, Eduardo VIII do Reino Unido, foram líderes deste grupo que incluiu empresários, artistas, costureiros e milionários de várias procedências e origens sociais. Os milionários norte-americanos, com mais dinheiro do que status social, e sul americanos integraram o café society europeu.
Wallys Simpson usando um lobster dress (Foto: Reprodução)
Uma das belas ilustrações do livro (Foto: Reprodução)
Antenor Patiño, milionário boliviano, ofereceu uma recepção de grande repercussão em sua quinta de Portugal (Foto: Reprodução)
# Wallys Simpson, a duquesa de Windsor, querendo comprovar o estilo avançado de sua elegância, usou modelo criado pela estilista Elza Schiaparelli com o desenho de uma lagosta numa das festas dos anos 30. Antenor Patiño, empresário boliviano, apelidado de "Rei do Estanho", casado com uma nobre da casa real da Espanha, Maria Cristina de Borbón y Bosch-Labrus, ofereceu uma das festas mais suntuosas de que se tem notícia na década de 1960 em sua quinta de Portugal. No leilão de sua coleção, depois de sua morte, uma cômoda foi adquirida pela Associação dos Amigos do Chateau de Versailles, por US$ 750 mil. Atualmente, ocupa um lugar de destaque num dos salões do palácio.
Porfirio Rubirosa que sempre esteve próximo de mulheres poderosas, em destaque entre Serge Semenenko e John Perona (Foto: Reprodução)
# Porfirio Rubirosa foi um diplomata, jogador de polo e piloto de automóveis da República Dominicana. Tornou-se internacionalmente conhecido por sua fama de playboy e participação no café society. Sua carreira iniciou com o casamento com Flor de Oro Trujillo, filha do ditador Trujillo. Teve romances com várias milionárias, como Barbara Hutton e Doris Duke.
Coco Chanel e Fulco di Verdura (Foto: Reprodução)
As artísticas pulseiras criadas por Fulco (Foto: Reprodução)
# Fulco di Verdura, ou Fulco Santostefano della Cerda, duque de Verdura e marquês de Murata la Cerda, outro personagem festejado do café society onde era admirado por seu talento como designer de joias. Sua carreira começou com uma apresentação à Gabrielle "Coco" Chanel pelo compositor Cole Porter, outro expoente do grupo que movimentava a vida mundana. No Brasil uma das colecionadoras de suas joias foi Lucia Moreira Salles.
Colagem representando a praia (Foto: Reprodução)
Mona von Bismarck, usando traje de Balenciaga, em sua morada da Avenida de Nova Iorque em Paris (Foto: Reprodução)
Cristóbal Balenciaga somava a preferência de algumas das mulheres mais famosas do café society, nas lentes de Cecil Beaton (Foto: Reprodução)
# Mona von Bismarck, também conhecida como Mona Bismarck, era uma socialite americana, ícone da moda e filantropia. Seus cinco maridos incluem Harrison Williams, um dos homens mais ricos da América, e o conde Albrecht Eduard "Eddie" von Bismarck-Schönhausen, neto do chanceler alemão Otto von Bismarck. Foi grande amiga do estilista Cristobal Balenciaga, que criava a maioria de seus trajes. Numa ocasião, comprou quase toda a coleção de Balenciaga. Sua morada na Avenida Nova Iorque, em Paris, abriga o Centro Americano de Arte e Cultura Mona Bismarck, onde suas roupas podem ser vistas. Por instrução de Mona, a organização sustenta e promove as relações artísticas e culturais franco-americanas. O grande requinte de Mona era se dedicar aos jardins de sua Villa Fortino, num dos recantos do imperador Tibério, em Capri.
Retrato de Mona von Bismarck feito por Cecil Beaton (Foto: Reprodução)
O fotógrafo Cecil Beaton registrou suas duas versões (Foto: Reprodução)
# Cecil Beaton foi um fotógrafo inglês de moda, retrato e guerra, e figurinista britânico. Venceu o Oscar de melhor figurino na edição de 1959 pelo filme Gigi e na edição de 1965 por My Fair Lady. Foi um dos artistas mais prestigiados pelos socialites que circulavam na Europa e em muitas outras latitudes.
# No Brasil, uma das mais notórias socialites foi Tereza de Souza Campos de Orleans e Bragança. Esposa do príncipe Dom João de Orleans e Bragança, de quem ficou viúva em 2005. Desde jovem – e ainda casada com seu primeiro marido, o memorável Didu Souza Campos, foi uma socialite de grande evidência. Eram conhecidos como o Casal 20, e entre suas amizades internacionais figurava o príncipe Ali Khan. O príncipe Dom João, da casa real brasileira, era nobre por nascimento e atuante no café society por opção, no qual brilhou.
# Carmen Therezinha Solbiati Mayrink Veiga e o marido Toni Mayrink Veiga foram igualmente líderes do café society brasileiro e frequentavam o grupo parisiense. O tema pode ser estendido, mas os tempos mudaram e hoje a convivência social tem outras regras e costumes, embora o desejo de brilhar e ser conhecido permaneça, e até com mais ênfase.
Colagem apresentando Paris em 1944 (Foto: Reprodução)