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Comemoração em cenário inesquecível

Igreja de São Miguel, por Waldeny Elias, do álbum editado em 1961 (Foto: Arquivo Pessoal)
Minha preferência para comemorações de aniversário, viajando para locais com apelos especiais, como paisagens naturais, cidades históricas e outras com motivações que estimulem a fantasia, começou na fase dos vinte anos. Mais recentemente, Antonio Carlos Bola Harres, através de estudos dos astros, tem me indicado qual a latitude certa para iniciar bem cada nova fase.Desta vez, fiquei recluso em casa, como nos últimos 30 dias. Como filho único de pais idosos, aprendi a viver sozinho sem dramas. Rita Lee, na sua inteligente maturidade aconselha bem: leitura, arrumar armários, rever guardados e... reviver o mundo das boas lembranças. Uma amiga está empenhada em listar os namorados mais bem sucedidos da sua não pequena trajetória amorosa. Quando me comentou, adiantei, garantindo que, seguramente, é uma campeã.Depois de uma temporada de três meses na Europa, iniciada em janeiro de 1972, desembarquei em Porto Alegre às vésperas de meu aniversário. Sem dinheiro para grandes voos, optei por comemorar meu aniversário com amigos em São Miguel das Missões, integrante dos Sete Povos das Missões.O sítio missioneiro sempre foi um fascínio e, bem garoto, convenci meus pais a me levarem até lá. Para esta comemoração, enfrentamos estradas não tão fáceis até Santo Ângelo e, em seguida, um trecho mais precário até o local das Missões. Na década de 1970, a hospedagem possível era num bolicho que oferecia pousada honesta, mas sem luxo. Não houve problemas. Ocupamos o final de semana fazendo passeios variados, percorrendo as ruínas e visitando o museu já existente.
No detalhe: Elias da Rosa, o pintor Waldeny Elias e eu durante as andanças pela área ocupada pelas Missões de São Miguel (Foto: Arquivo Pessoal)
Back to the 70’s: Waldeny Elias, eu e a equipe que cuidava do acervo missioneiro (Foto: Arquivo Pessoal)
As noites, sem espetáculos de som e luz, eram com longas conversas no bolicho, com acompanhamento de batidas insuperáaveis, garantidas pelo dono do estabelecimento. O pintor Waldeny Elias, insuperável no trago e nas histórias divertidas, foi o companheiro perfeito para a comemoração. Anos antes, havia criado uma coleção inspirada nas Missões, juntamente com outro talentoso artista, Léo Dexheimer. O resultado foi o lançamento de um magnífico álbum, editado com o bom gosto que assinalou a trajetória de Lauro Sturm, patrocinador do trabalho que vocês podem conferir em algumas das fotos.
Misticismo: ocupei um dos nichos do frontispício da igreja (Foto: Arquivo Pessoal)
No detalhe: sentindo a vibração de um lugar histórico (Foto: Arquivo Pessoal)
À época, não havia restrições aos visitantes que passeassem pelos recantos da igreja e demais ruínas (Foto: Arquivo Pessoal)
Emoção: no topo de uma das alas multi centenárias (Foto: Arquivo Pessoal)
Waldeny, companheiro para todas as minhas caminhadas e buscas, teve momentos hilários. Estávamos na década de 70 e, completando meu cabelo e barba longos, cultivava outros hábitos da época. Meu amigo, acostumado a grandes porres, experimentou as mais variadas bebidas.
Preparamos um churrasco para a comemoração (Foto: Arquivo Pessoal)
Eu e Waldeny Elias de olho no corte da carne (Foto: Arquivo Pessoal)
Na noite do dia 20 de abril, fizemos um autêntico assado gaúcho, saboreado num dos recantos da poderosa nave de pedras. Os primeiros ventos de outono não nos atemorizaram e tivemos uma animada comemoração. Inesquecível esta celebração inédita nas Missões, recanto da história dos pampas, que só foi possível noutros tempos.
Waldeny Elias pintou uma pequena tela, relembrando nosso passeio às ruínas de São Miguel (Foto: Arquivo Pessoal)
Trabalho de W. Elias titulado de “Anjo (fragmento)” (Foto: Arquivo Pessoal)
Trabalho de Léo Dexheimer titulado de “São José” (Foto: Arquivo Pessoal)
Trabalho de W. Elias titulado de “Jesus menino (fragmento)” (Foto: Arquivo Pessoal)
Trabalho de W. Elias titulado de “Cabeça de Santa (fragmento)” (Foto: Arquivo Pessoal)
Trabalho de Léo Dexheimer titulado de “São Miguel” (Foto: Arquivo Pessoal)