Duas obras de Chaplin
Jackie Coogan e Charles Chaplin: ternura e cumplicidade em O Garoto, que completa 100 anos em 2021 (Foto: Reprodução)
# Os filmes de Charles Chaplin representam um dos mais fascinantes patrimônios do cinema e, entre eles, destaco dois muito especiais, O Garoto, que estreou em 6 de fevereiro de 1921 nos Estados Unidos, completou 100 anos, e Monsieur Verdoux. A respeito deste compartilho a opinião do cineasta Jean Renoir, que o considerava um dos melhores da história do cinema.
#A filmagem de O Garoto representou um marco na vida de Chaplin: foi o seu primeiro longa nos Estados Unidos e inspirado na difícil infância que viveu em Londres. Buscou seu coadjuvante por algum tempo nos teatros e encontrou um menino talentoso, Jackie Coogan, com quem iniciou uma amizade que se estendeu pela vida. Inclusive contratou o pai do mini ator para interpretar papeis no filme.
# Chaplin costumava passear com Jackie nos parques de diversões ou para cavalgar pôneis, como relata o cineasta em suas memórias. O Garoto apresenta cenas de grande ternura e cumplicidade entre os dois.
Martha Raye e Charles Chaplin: talentosos desempenhos em Monsieur Verdoux (Foto: Reprodução)
# Ao abandonar a figura de Carlitos, Chaplin vestiu a refinada personalidade de Monsieur Verdoux. Seguramente, uma de suas mais complexas e excepcionais atuações como o pai amoroso, o artista sensível, o capitão sedutor e um frio assassino. Mas que não completa seu crime quando encontra uma jovem sofredora que lutava pelo seu companheiro inválido. O filme é baseado na história verídica de Henri Landru, que assassinou várias viúvas ricas para ficar com o dinheiro. O humor negro domina a narrativa, com cenas impagáveis com a ótima Martha Raye no papel de Annabella, a amante sortuda vencedora da loteria. Sequências hilárias como a do casamento ou quando Verdoux tenta enforcá-la num passeio de barco rendem algumas gags físicas tipicamente chaplinianas. Martha escreveu mais tarde a respeito da emoção de contracenar com Chaplin, a quem admirava muito.
Chaplin evita envenenar uma jovem apaixonada com o mesmo drama que o levara à carreira de assassino de milionárias. Momento de introspecção frente à possibilidade de envenenar o vinho (Foto: Reprodução)
# No final, quando Verdoux se encaminha para a execução, lhe é oferecido um cálice de xerez, recusado no primeiro momento. Depois de uma rápida reflexão, constatando que nunca havia experimentado a bebida, pede para tomá-la. A essência do personagem que vive as emoções até o último momento.
Um dos pôsteres criados na Europa para o longa Monsieur Verdoux (Foto: Reprodução)
Barbara Streisand tem especial predileção pelo desempenho de Chaplin no filme Monsieur Verdoux e este pôster fazia parte da sua coleção vendida num grande leilão realizado pela Christie’s East, em Nova Iorque (Foto: Reprodução)