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Gravatas: bom gosto masculino

Bárbara Lopes, comando da Brascril, criou o estojo para a gravata de Roberta di Camerino, que usei pela primeira vez em homenagem à Nilda Maisonnave, que vestia um modelo longo, igualmente da estilista italiana, num jantar de Natal, no Restaurante La Grenouille, em Nova Iorque (Foto: Paulo Gasparotto/especial)

# As gravatas, com ênfase desde o final do século 18 e início do 19, tornaram-se o complemento revelador do bom gosto e elegância masculina. Foram os dândis, que impuseram mudanças no trajar masculino, os primeiros a valorizar o acessório de pescoço.

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O colorido e o estlo surrealista de Roberta di Camerino constituem o charme desta gravata (Foto: Arquivo pessoal)

# Seu criador, George Bryan “Beau” Brummell (1778–1840), foi o responsável pela mudança do visual do Rei George IV, e a impor o dândismo.

# O visual dos dândis era composto sempre por ternos muito bem cortados e alinhados, com calças e coletes justos, paletó impecável, camisas de gola alta empertigada e engomada, adornadas com o plastron, uma espécie de lenço amarrado ao pescoço. Esse conjunto lhes impedia de movimentar demais o pescoço e conferiam um ar esnobe e de superioridade.

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O estilo da parisiense Charvet está explícito nesta gravata que Lúcia e o embaixador Walther Moreira Salles me ofereceram de aniversário (Foto: Arquivo pessoal)

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Uma emoção especial foi encontrar na Maison Lanvin de Paris uma gravata estampada com galguinhos italianos (Foto: Arquivo pessoal)

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Uma ocasião inesquecível foi aprender a dar o tope em gravata borboleta, ensinado pelo gentleman Dante Barone, na noite em que realizei o baile do Catálogo de Brotos, no Theatro São Pedro. Esta gravata acima me foi presenteada por Carlinhos de Bem, um gaúcho de bom gosto e refinamento que viveu entre a fazenda, em Cachoeira do Sul, Rio de Janeiro e Paris. Esta, do ano de 1930, é bem esportiva (Foto: Arquivo pessoal)

# Já dizia o escritor irlandês Oscar Wilde (1854-1900): “Devemos ser uma obra de arte ou vestir uma”. Ele levava esta máxima a sério, exprimindo-a em seus textos e se vestindo de forma ao mesmo tempo que elegante, excêntrica.

# A gravata evoluiu do plastron e aprimorou o conceito de Wilde, isto é “devemos ser uma obra de arte ou vestir uma”. As gravatas, por seu colorido e padronagem, tornaram-se primores do requinte de bem vestir.

# Outro item importante: algumas mulheres têm gosto refinado na criação de gravatas, entre elas menciono Roberta di Camerino, uma das grandes histórias da moda italiana, iniciou como Giuliana Coen. Ela deu luz à marca ao combinar o nome Roberta, de sua música favorita “Smoke Gets in Your Eyes”, e Camerino, o sobrenome do marido.

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 O requinte de Mila Shön exemplifica o estilo de Milão nesta gravata (Foto: Arquivo pessoal)

# Destaco igualmente Maria Carmen Nutrizio, filha de ricos pais aristocráticos italianos dálmatas. Era conhecida pelo apelido Mila e casou-se com Aurelio Schön, um negociante austríaco de metais preciosos, que conheceu em Milão. Muito rica, era cliente das grandes casas da alta costura como Balenciaga e Dior. Depois de separada, dedicou-se à moda e suas gravatas passaram a ser consideradas de um chic fou.

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Tom Ford: pioneiro na abolição das gravatas (Foto: Reprodução)

# Tom Ford decretou o abandono das gravatas, e tem muitos adeptos. Ele mesmo usou gravatas e pode ser considerado boa pinta, dentro dos padrões norte-americanos, que devemos reconhecer, não são muito firmes nem admiráveis.

# O escritor e diplomata português Eça de Queiroz, reconhecidamente um dândi, na primeira vez que desembarcou em Nova Iorque foi questionado pelo número excessivo de gravatas que trazia na bagagem. Enfurecido, escreveu depois: “Tem mais civilização numa vila da Europa do que em toda a Nova Iorque”, recordando o episódio das gravatas.

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Livro “Tom Ford”, repleto de comentários divertidos (Foto: Reprodução)

# Sempre adorei gravatas e guardo todas aquelas que têm significado especial. Bárbara Lopes, expert em criação de peças em acrílico e do comando da Brascril, criou expositores, pendentes para as minhas gravatas preferidas, algumas delas relacionadas a agradáveis episódios da minha vida, como podem conferir nas fotos. Uso como adorno do meu closet e, de vez em quando, completo os meus trajes com elas.

# Ainda uma dica, dedicada aos amantes das gravatas: a Lavandaria San Taio, entre suas especialidades, lava gravatas. Seu endereço: SP- 270, 8016- Jardim Boa Vista (Zona Oeste) Paulo-SP, 05576-200, Telefone (011) 3782-4846, e estão retornando de férias na próxima segunda-feira (dia 16).

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Tom Ford, juntamente com seu cachorro John, foi capa da i-D Magazine, em 2001 (Foto: Reprodução)