Intenso & leal
A busca de peças antigas completa minhas atividades. Gosto de elementos relacionados à história de Porto Alegre no meu terraço. Ao fundo, uma grade que foi do Theatro São Pedro (Foto: Isidoro B. Guggiana/Banco de imagens)
# Paulo Raymundo Gasparotto, satisfeito com o signo de Áries, que dizem não ser dos mais fortes, mas as companhias de Leonardo Da Vinci, 15 de abril, Charles Chaplin, 16 de abril, Marlon Brando, 3 de abril, e Getúlio Dornelles Vargas, 19 de abril, me animam. Nasci no Bairro Menino Deus, cheio de chácaras antigas com vastos campos e muitas árvores que me permitiram uma infância com muitas brincadeiras e diversões compartilhadas com muitos amigos. Estudei na Escola Brasileira Americana, Grupo Escolar 13 de Maio e depois fui para o Colégio Anchieta, na Rua Duque de Caxias. Guardo as melhores recordações dos mestres da Companhia de Jesus, os padres jesuítas, e dos colegas. Lá firmei um dos princípios da minha maneira de ser: sempre agir com intensidade na vida. Depois de muitos “convites” para trocar de colégio, passei pela maioria das escolas gaúchas, concluí os estudos nos Colégio Municipal Emílio Meyer e no Júlio de Castilhos, períodos de gratíssimas lembranças, novamente, a convivência com os mestres, muitos dos quais tornaram-se meus amigos pessoais, e colegas. Fiz vestibular para o Curso de Direito na Unisinos, estimulado por um amigo, o advogado Mário Seixas Aurvalle. Cursei alguns períodos e desisti. Meu primeiro trabalho na Imprensa foi no semanário Shopping News, do empresário Ari Castellan. Na mesma época, a convite de Flávio Carneiro, passei a colaborar com matérias variadas na Revista do Globo, da gaúcha Editora Globo, de muitos feitos. Tarso de Castro me levou para o Jornal Zero Hora, onde comecei como editor de fotografia, assessorando o irrequieto e talentoso jornalista. Assinava, igualmente, uma coluna semanal sobre arte, decoração e antiguidades. Mais tarde, assumi a coluna social que, entre idas e vindas, assinei por 33 anos. Num período de dois anos, trabalhei na Caldas Junior, assinando colunas na Folha da Tarde e nas edições dominicais do Correio do Povo. Fato inédito, pois o fundador do jornal, Francisco Antônio Vieira Caldas Júnior, não tinha entusiasmo com o colunismo social. Paralelamente, exerci atividades na área da publicidade, relações públicas e no comércio de antiguidades. Fui nomeado leiloeiro em 1982 e iniciei a atividade num leilão realizado no Theatro São Pedro, colaborando com as obras de recuperação da casa em 1983. Já bati o martelo em vendas incomuns como o leilão de filhotes de cães de raça, por solicitação do Kennel Club do Rio Grande do Sul, e num evento benemerente em Gramado vendendo especialidades criadas com chocolate na Páscoa. Gostaria de trabalhar em jardinagem, também.
As minhas cinco décadas de atividade jornalística foram celebradas com uma exposição, tendo a curadoria de Paula Ramos no Santander Cultural. Jackson Ciceri fez o registro da ocasião (Foto: Jackson Ciceri/Banco de imagens)
Questionário de Proust
1. Qual o aspecto mais marcante de sua personalidade?
– Determinado e persistente.
2. Qual a sua principal característica?
– Autêntico, altamente emocional, caloroso, leal aos amigos. No amor, especificamente neste caso não significa fidelidade.
3. Qual o seu passatempo favorito?
– Ler, cuidar de minhas plantas, acompanhado pela minha pet, e pesquisar antiguidades.
4. Se não fosse você, quem gostaria de ser?
– Na pré adolescência, me entusiasmava ser Namor, o Príncipe Submarino, Arsène Lupin, o personagem criado com requintes de elegância e alta transgressão pelo escritor Maurice Leblanc, e finalmente o Conde Drácula, de Bran Stocker, cuja sexualidade ao sugar o sangue dos mais variados seres me fascinava. Uma ressalva, não gostaria de ter vida eterna na sua pele, mesmo sendo emocionante se tornaria rotina.... Até hoje, sou fã de filmes de vampiro, entre os inesquecíveis A Dança dos Vampiros, de Roman Polanski, 1967, Amor à Primeira Mordida, de Stan Dragoti, 1979, e é claro, Drácula, de 1931, com o insuperável Bela Lugosi vivendo o diabólico conde, dirigido por Tod Browning. Faz muito tempo, aprendi a gostar muito de mim, apenas tentando melhorar no dia a dia, sem desejar ser outra pessoa.
5. Onde gostaria de morar?
– Na Praia da Pipa, na Pousada Toca da Coruja. Além da maravilhosa natureza local, vale relembrar que Natal, capital do Rio Grande Norte, está a cinco horas de avião de Lisboa.
6. Qual a sua cor favorita?
– São duas: o verde e o azul
7. Quem são os seus escritores prediletos?
– Muitos, pois aprendi a ler e a rezar entre os três e os quatro anos e segui mantendo o hábito das duas práticas. Cada época da vida tenho entusiasmo por um escritor: de Monteiro Lobato, passando por Edgar Rice Burroughs – criador do Tarzan, D. H. Lawrence - seu livro O Amante de Lady Chatterley, foi um marco na minha adolescência, Pierre Drieu La Rochelle e chegando ao Marques de Sade. Mas gosto de reler Machado de Assis, Marcel Proust, Raymond Radiguet, Marguerite Yourcenar - seu Memórias de Adriano é inesquecível, Freud e outros, além de buscar novos autores.
8. Quais são os seus compositores preferidos?
– Além dos compositores, destaco intérpretes que procuro sempre: Miles Davis, Chet Baker, Blosson Dearie - esta pianista e cantora, Tom Jobim, Vinicius de Moraes e sempre a minha amiga Elizeth Cardoso, inclusive cantando as Bachianas de Villa Lobos, mais uma cantora. Villa Lobos outra vez para iniciar uma nova relação musical em que incluo Wagner, Mozart e muitos mais, com destaque aos compositores de óperas.
9. Quem são os seus heróis na vida prática?
– Não tenho heróis, mas admiro Sigmund Freud, Charles de Gaulle, Winston Churchill, Leon Trotski, este pela inteligência independente dos ideais marxistas, e Madre Teresa de Calcutá, pela total dedicação ao próximo, entre outros.
10. Que talento você mais queria ter?
– Ser mergulhador consagrado, com conhecimento amplo do fundo do mar.
11. Qual o seu estado de espírito atual?
– Sou naturalmente impaciente, o que procuro modificar buscando a tolerância e a serenidade. Está sendo muito custoso.
12. Qual é o seu lema?
– Não chega a ser um lema, mais uma determinação: a vida começa a cada dia.
13. Na tua atividade, o que te proporciona maior motivação?
– Descobrir novos temas e motivar a imaginação e entusiasmo dos demais.
14. Qual seria a maior realização no seu trabalho?
– Sempre conseguir melhorar as condições da população carente e contribuir para a preservação do meio ambiente.
O trabalho com arte é dos mais prazerosos que desenvolvi desde muito cedo (Foto: Pedro Antônio Heinrich Neto/Banco de imagens)