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Modernismos de norte a sul

Registro de Tony Petzhold em “A Salamanca do Jarau”, 1945 (Foto: Acervo CEME UFRGS/Divulgação)

# Pululam os textos, artigos e provocações sobre o centenário da Semana de Arte Moderna de 1922, a ser comemorado nos próximos dias. Um dos mais calorosos debates têm se dado em torno do velho eixo Rio–São Paulo, principalmente após artigo do jornalista Ruy Castro, enfatizando a modernidade carioca, anterior à paulistana. Mas, e os outros cenários? E os outros “Brasis”?

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A exposição “Raio-que-o-parta: ficções do moderno no Brasil” inicia na próxima quarta-feira (dia 16) (Foto: Divulgação)

# No dia 16 deste mês, vai abrir, em São Paulo, a exposição que explora esse tópico, além de refletir criticamente sobre as diversas narrativas de construção e projeção do País, no ano em que também comemoramos o bicentenário da independência. Intitulada “Raio-que-o-parta – Ficções do moderno no Brasil”, a mostra será apresentada no SESC 24 de Maio, a poucos metros do Teatro Municipal, palco da Semana de 1922.

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“A Salamanca do Jarau”, de Nelson Boeira Faedrich, data da década de 1940 (Foto: Divulgação)

# O título da exposição faz referência a um tipo de arquitetura popular encontrada em Belém do Pará e muito comum entre as décadas de 1940 e 1950. Caracterizado pela justaposição de azulejos quebrados, formando desenhos geométricos e elementos como setas, raios e bumerangues, o estilo conhecido como “raio-que-o-parta” é uma espécie de resposta local a uma compreensão do moderno.

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Fernando Corona fez a capa para “Trem da Serra”, de 1928, de Ernani Fornari (Foto: Divulgação)

# A provocação do título da mostra se repete nos quatro núcleos temáticos: Deixa falar (referenciando a Escola de Samba de mesmo nome, surgida no Rio de Janeiro, nos anos 1920), voltado a temas como identidade e empoderamento; Centauros iconoclastas (aludindo ao grupo literário homônimo, fundado no Recife nos mesmos anos 1920), cujas obras versam sobre corpo e performatividade; Eu vou reunir, eu vou guarnecer (remetendo aos versos de uma toada antiga do Bumba-meu-boi), com ênfase na dicotomia entre festa e melancolia; e Vândalos do apocalipse (nome de um grupo literário de Belém, do início do século XX). As obras discutem tensões e contradições do Brasil moderno, geradas no encontro entre a herança colonial e o projeto de modernização nacional.

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Autorretrato com cartola, de João Fahrion, 1942 (Foto: Divulgação)

# Apresentando cerca de 600 obras de 200 artistas, a exposição tem curadoria de Aldrin Figueiredo, Clarissa Diniz, Divino Sobral, Fernanda Pitta, Marcelo Campos, Paula Ramos e Raphael Fonseca, que assina a curadoria-geral. A historiadora e crítica de arte Paula Ramos, professora do Instituto de Artes da UFRGS e que desenvolve pesquisa sobre modernismo no Rio Grande do Sul, levou para a mostra, entre outros, obras de Ado Malagoli, Carlos Scliar, Glauco Rodrigues, Glênio Bianchetti, Fernando Corona, Francis Pelichek, João Fahrion, José de Francesco, Lunara, Nelson Boeira Faedrich, Pedro Weingärtner, Sotero Cosme, Vasco Prado, Virgilio Calegari e Wilson Tibério, além de livros e revistas da antiga Livraria do Globo, discos gravados pela casa A Electrica e registros de balé de Tony Seitz Petzhold. A mostra estará em exibição até 7 de agosto.

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Escultura “Inca” de Fernando Corona (Foto: Divulgação)

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“Mãe Rita”, 1900, registro de Virgílio Calegari (Foto: Divulgação)

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“Jogo do Osso”, 1955, Glênio Bianchetti (Foto: Divulgação)