Olhar perturbador

Marlene Dietrich: fascínio feminino (Foto: Reprodução)

# A edição especial da Revista Vogue, brindando os festejos da passagem de 1973/1974, com Marlene Dietrich como homenageada, evidencia a admiração dos franceses pela atriz. Entre as manifestações registradas na abertura, um texto de Jean Cocteau, apresentando Marlene em um evento de Monte Carlo. Cocteau diz: “Sua beleza se impõe, é desnecessário falar a respeito, mas é sua bondade que desejo saudar. É a luz interior que ilumina esta onda gloriosa que és, uma onda transparente que vem de longe e se revela para nós...”.

Capa da Revista Vogue com Marlene Dietrich (Foto: Reprodução)

Marlene acompanhada por Jean Cocteau, poeta francês que confessou sua admiração (Foto: Reprodução)

Múltiplas fotografias e retratos assinados por artistas famosos completam a edição da Revista Vogue (Foto: Reprodução)

Marlene: feminilidade em evidência nas fotografias (Foto: Reprodução)

# O escritor Paul Valéry escreveu: “Ela tem o olhar mais perturbador que eu jamais reencontrei.” Por sua vez, Sir Noel Coward a definiu dizendo “Quando um gato entra num teatro em que ela se apresenta, ele senta e fica admirando. Este é o milagre “Dietrich”.

# Entre as publicações especiais da Vogue, esta é a que mais revela preferências pessoais da personalidade homenageada. Marlene inclui trechos de seu livro de memórias e inicia falando da Argentina, que ela afirmava amar, e em particular Buenos Aires, com seus teatros e suas plateias cultas. Dizia que lá encontrava os encantos de Paris. Destacava ainda os calorosos aplausos do público que prestigiava suas apresentações.

Marlene comentava com entusiasmo suas temporadas em Buenos Aires (Foto: Reprodução)

# No item elegância, dizia, já na década de 1970: “Rara hoje em dia. As mulheres não aprendem mais na infância, mas elas mesmas procuram se tornar elegantes.”

# Considerava a feminilidade a mais importante qualidade de uma mulher: “É o seu território pessoal de sedução, atraindo aos homens.”

# Incluiu uma lista dos atores masculinos a quem admirava, entre eles Alain Delon e Richard Burton. Não mencionou aquelss com quem contracenou e tão pouco os seus contemporâneos.

Lista de atores selecionados por Marlene para a edição histórica da Revista Vogue (Foto: Reprodução)

O charme de Marlene se destacava ao vestir trajes de linha masculina (Foto: Reprodução) 

# A elegância de Marlene permitia usar trajes masculinos, evidenciando sua personalidade sensual. Muitos dos anúncios da Vogue aproveitaram com bom gosto mais este lado fascinante da artista alemã que a França amou. As fotos mostram esta faceta incomum da atriz.

A gravata borboleta e cartola mostram o estilo Marlene exibido pela top numa das publicidades da revista (Foto: Reprodução)

O monóculo usado pela top foi o acento snob na publicidade dos perfumes de Caron e Arpège, criação da Maison Lanvin (Foto: Reprodução)

O toque misterioso foi sugerido pelo voilette que recobre o rosto da top noutra página da Vogue (Foto: Reprodução)

# Entre seus muitos filmes, dois seguem despertando entusiasmo, mesmo sendo da primeira metade do século 20. Jardim de Allah, com roteiro baseado no romance The Garden of Allah, de Robert S. Hichens, lançado em 1936, que narra a sedução exercida pela personagem vivida por Marlene num monge trapista, interpretado por Charles Boyer, e o romance que se desenrola em um oásis do deserto. O outro é Kismet, estrelado por Ronald Colman e Marlene Dietrich, pela MGM em 1944. O clima romântico entre os dois atores não chega a se concretizar. Em compensação, ela tem um marcante número de dança erótica, descalça e com as famosas pernas pintadas de dourado. Cena que mereceu grande destaque na época.

Marlene e Charles Boyer estrelaram “The Garden of Allah” (Foto: Reprodução)

Pôster alternativo do longa “The Garden of Allah” (Foto: Reprodução)

Marlene executou uma dança com as pernas douradas e os pés descalços que foi a sensação do filme Kismet (Foto: Reprodução)

# Uma história divertida rolou depois da temporada de Marlene no Rio de Janeiro, apresentando-se no Copacabana Palace Hotel, onde foi muito aplaudida. Um dos trajes do show era extremamente justo, impedindo que ela fosse ao banheiro nos intervalos. O impasse foi resolvido por um criativo garçom que proporcionou um balde de gelo, colocado entre as pernas... A fascinante Marlene teve consagração em todas as latitudes.

As múltiplas faces da beleza: Marlene Dietrich (Foto: Reprodução)